A Casa Azul, localizada na Ruachuelo em Porto Alegre, um dos últimos remanescentes da arquitetura eclética do Centro Histórico, encontra-se em um impasse há anos. Em meio a decisões judiciais, dívidas e um projeto de desapropriação na Câmara Municipal, o futuro do imóvel ainda é incerto.
Localizada na esquina da Rua Riachuelo com a Marechal Floriano, a Casa Azul foi construída em 1890 e tombada como patrimônio histórico municipal em 1998. Apesar de sua importância cultural, o prédio está em estado de abandono e sua fachada, única parte remanescente da estrutura original, apresenta rachaduras e risco de desabamento.
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História da Casa Azul
Erguida entre 1870 e 1880, a Casa Azul se ergue majestosamente na esquina da Rua Riachuelo com a Marechal Floriano, no Centro Histórico de Porto Alegre. Uma sentinela silenciosa que presenciou a evolução da cidade, desde a gentrificação no pós-guerra dos Farrapos até a degradação urbana dos dias atuais.
Seu passado é rico em histórias. A Casa Azul já foi sede de uma fábrica de chapéus, época em que a Rua Riachuelo era conhecida como a Rua da Beleza, um polo chapeleiro da cidade. A alcunha se justifica: várias fábricas de chapéus se concentravam na quadra, inclusive a última, que resistiu até a década de 1990, fabricando chapéus militares.
Inspirada no neoclássico francês, a Casa Azul é um exemplar da “Arquitetura Monumental” de Porto Alegre, um estilo que marcou a cidade entre o fim do Segundo Reinado e a Velha República. Prédios como o Margs, o Memorial do Rio Grande do Sul e o Clube dos Caçadores são exemplos dessa época.
A origem do nome “Casa Azul” remonta ao século XIX, quando o pigmento azul era raro. Uma ferragem que se instalou no local pintou a fachada de azul, diferenciando-se dos prédios beges da época. A cor marcante se tornou a identidade do casarão.
A Casa Azul também é um retrato da decadência do Centro Histórico. A partir da década de 1980, sofreu com incêndios, abandono e descaso. Um restaurante chinês que funcionava no local incendiou-se, causando danos estruturais que jamais foram reparados.
Hoje, a Casa Azul encontra-se interditada e em estado de deterioração. A fachada, única parte remanescente da estrutura original, apresenta rachaduras e risco de desabamento.
Desapropriação é a solução?
Em 2016, o Ministério Público moveu uma ação civil pública contra os proprietários do imóvel e o Município, buscando a restauração da Casa Azul. A Justiça determinou que ambas as partes realizassem o restauro, mas a decisão não foi cumprida. Em 2018, a Prefeitura chegou a realizar obras emergenciais na fachada, mas o problema persiste.
Em busca de uma solução definitiva, a Prefeitura de Porto Alegre enviou à Câmara Municipal um projeto de lei para desapropriar a Casa Azul. A medida, inédita no município, prevê a realização de um leilão público para venda do imóvel. O valor da indenização aos proprietários será pago com os recursos obtidos no leilão, descontadas as dívidas do imóvel e os investimentos públicos já realizados.
O que o futuro reserva à Casa Azul
O futuro da Casa Azul ainda é incerto. A decisão sobre a desapropriação cabe à Câmara Municipal, e o processo pode ser longo e complexo. A comunidade e os especialistas em patrimônio histórico acompanham com atenção o desenrolar dessa história, na esperança de que este símbolo da memória porto-alegrense seja preservado para as futuras gerações.
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